Opinião

Colunista comenta as causas e consequências da greve

Os caminhoneiros e outros grupos têm total razão de protestarem, pois suas reivindicações são justas. Os caminhoneiros ganharam o apoio de outras categorias e de parte da população que também não aguentam tantos problemas e tantos reajustes de preços de combustíveis e serviços públicos, como energia elétrica. Porém, é preciso diferenciar os protestos aqui na região do que está acontecendo no Centro do país. Aqui, a situação causa transtornos como suspensão de aulas e falta de gasolina, mas ainda nada tão grave, por enquanto. No Sudeste, os manifestantes passaram dos limites, pois está faltando até oxigênio em hospitais, e pessoas podem morrer. E não é por bloqueio dos caminhões, mas porque dezenas veículos de transporte de gases hospitalares estão parados por não conseguir combustível para rodar.

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Se os manifestantes querem ter apoio do povo, precisam garantir o transporte de medicamentos e de alimentos para hospitais e serviços essenciais. O protesto não pode brincar com a vida das pessoas e a segurança do país. Provocar o caos social é uma "brincadeira" que pode ficar muito perigosa. Imagine se pessoas começarem a morrer em hospitais, se houver saques generalizados em supermercados e fugas em massa em presídios, provocando caos na sociedade? Nesse caso, as Forças Armadas terão a justificativa para intervir e garantir a ordem.

A UM PASSO DO CAOS SOCIAL
Tudo bem que é importante protestar para tentar mudar uma situação de uma categoria ou do país, mas uma greve como essa é algo muito delicado, pois em pouco tempo, ela pode degringolar e causar um grave caos social. Por alguns dias, os transtornos podem ser até contornáveis, gerando problemas menores e apenas prejuízo econômico. Porém, se a greve se prolongar e cidades inteiras ficarem dias sem combustível ou alimentos, pode haver graves conflitos - imagine o pânico de uma mãe ou pai que não tenha como alimentar seus filhos. A situação é bem delicada, porque pode chegar a um ponto em que a situação fugirá do controle dos caminhoneiros e das autoridades. Daí, os grevistas vão aceitar serem responsabilizados por graves consequências da paralisação?

INTERVENÇÃO MILITAR NÃO É O CAMINHO
Com todo o respeito aos manifestantes que estão pedindo intervenção militar, mas esse não é o caminho. Primeiro, porque tanto poder nas mãos de um único grupo não é bom nem no Brasil nem em qualquer lugar do mundo - temos inúmeros exemplos de que isso não dá certo, até porque mesmo que fosse uma intervenção temporária até as eleições, como pedem alguns, há risco de haver graves conflitos ou de a intervenção se tornar duradouro e virar ditadura. Em segundo lugar, porque grande parcela dos militares não quer assumir o poder, pois eles sabem do pepino que é assumir um país com tantos graves problemas. E porque muitos militares sabem que a democracia não é perfeita, mas ainda é a saída menos pior. Um militar do Exército me disse o seguinte:

- Não há clima para intervenção militar. Não é por aí, até porque temos eleições agora em outubro. O que precisa é as pessoas em geral votarem melhor e escolherem melhor os governantes. Não adiante o apoio popular e o pessoal vir aqui pedir intervenção militar. Isso é como torcida de futebol. O time pode sair aplaudido após uma vitória por 2 a 0, mas depois de levar a primeira goleada, a torcida começa a criticar - comentou o militar, dando a entender qual é o sentimento de parte dos militares.

Vale lembrar que, se houver uma intervenção militar, há sério risco de ninguém mais poder opinar nem protestar livremente.

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